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Cambridge Analytica se declara culpada em caso de uso de dados do Facebook

Empresa de assessoria política admitiu ter descumprido ordem de regulador britânico para revelar as informações que tinha sobre um professor americano.

A Cambridge Analytica, assessoria britânica que trabalhou para a campanha eleitoral do presidente americano, Donald Trump, se declarou culpada nesta quarta-feira (9) por ter se negado a revelar dados pessoais que tinha extraído do Facebook. A empresa foi condenada por um tribunal de Londres a multa de 15 mil libras (US$ 19,1 mil ou 16,7 mil euros) e terá ainda de pagar os custos do processo, no valor de 6 mil libras.

O Facebook já havia admitido que a Cambridge Analytica - uma assessoria política que dirigiu a campanha digital de Trump em 2016 - utilizou um aplicativo para coletar informações privadas de 87 milhões de usuários sem seu conhecimento. A empresa depois utilizou estes dados para mandar aos usuários publicidade política especialmente adaptada e elaborar informes detalhados para ajudar Trump a ganhar a eleição contra a candidata democrata Hillary Clinton.

Nesta quarta-feira, a Cambridge Analytica se declarou culpada por descumprir uma ordem do regulador britânico encarregado da proteção de dados (ICO, na sigla em inglês), que mandou que ela revelasse as informações que tinha sobre um professor americano, David Carroll. Carroll havia pedido para saber quais dados sobre ele a companhia tinha e como os havia obtido.

Ao admitir culpa pelo descumprimento da ordem, a empresa ressaltou, no entanto, que "este julgamento não sugere o uso indevido de dados" e nem estaria relacionado ao assunto.

Relembre o caso

A audiência, realizada na pequena sala de um tribunal nos arredores residenciais de Londres, forneceu dados sobre um caso que sacudiu a reputação do Facebook.

O advogado representante da ICO afirmou ao tribunal que a Cambridge Analytica conseguiu reunir o equivalente a 81 bilhões de páginas impressas de dados sobre os usuários do Facebook.

Reportagens dos jornais britânico "The Guardian" e americano "The New York Times", publicadas há um ano, levaram a ICO a confiscar os computadores e servidores da Cambridge Analytica como parte de uma investigação. Desde então a empresa, com sede em Londres, se declarou em falência.

Segundo o advogado da ICO, a empresa tinha dito a Carroll: "Você não tem direito de fazer (uma solicitação de acesso a dados), assim como um membro dos talibãs sentado em uma caverna no canto mais remoto do Afeganistão também não pode".

Mais tarde, um dos executivos da Cambridge Analytica disse ao regulador que "esperava não continuar sendo assediado com este tipo de pedidos".

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